As vendas internacionais de milho em janeiro deste ano atingiram o recorde de 6,17 milhões de toneladas, um volume 126% maior do que o mesmo período do ano passado, quando o país exportou 2,73 milhões de toneladas do cereal.
A maior movimentação alcançada no mês de janeiro até então tinha sido registrada em 2016, quando o Brasil enviou 4,4 milhões de toneladas para o mercado mundial. Os dados constam na edição de fevereiro do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o analista de mercado da Safras & Mercados Paulo Molinari a demanda externa pelo cereal foi favorecida pelas restrições observadas nos maiores exportadores mundiais, como Estados Unidos, Argentina e Ucrânia.
“Este resultado ainda é um reflexo da demanda global de 2022, o que implicou na boas exportações brasileiras em janeiro. A quebra na Europa, Ucrânia com dificuldades e China comprando 2 milhões de toneladas do Brasil, ajudaram a chegar neste resultado. Não apenas janeiro foi recorde, mas o ciclo de exportação de 2022 que terminou em janeiro de 2023 foi recorde com 46.7 milhões de toneladas embarcadas no Brasil”.
Segundo o estudo da Conab, a firme demanda teve como principal origem os importadores da China, que abriram seus mercados para o cereal brasileiro no final de 2022, sendo destino de aproximadamente 1,16 milhão de toneladas do milho nacional no ano passado, com a maior parte embarcada em dezembro de 2022, representando 18% do total exportado no último mês do exercício passado. Esse desempenho ocorreu também em virtude da boa safra de inverno no país, que ampliou a disponibilidade do cereal para embarque.
Para Molinari, é possível que este cenário de alta nas exportações não se repita em 2023. Na avaliação do analista, os Estados Unidos devem ter uma recuperação de produção nesta próxima safra, com aumento da área de plantio. Quem também deve seguir a tendência de recuperação de produção é a Europa, após uma quebra de safra histórica.
“É uma situação conjuntural e não estrutural, mas não devemos imaginar o que esse conjunto de acontecimentos (quebra de safras) não se repita em 2023, mas é claro que podem se repetir. O Brasil está vindo com uma safrinha novamente com grande potencial, mas ainda temos o segundo semestre, a questão climática e a safra americana. Então são vários fatores que podem influenciar, mas não acredito que o Brasil atinja o mesmo resultado”, explicou o analista.
Perspectivas de exportações
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, as projeções das exportações de produtos do agro brasileiro para os próximos 10 anos permanecem favoráveis. Milho, soja, carnes (bovina, suína e de frango) são destaques do relatório das perspectivas agrícolas para 2032.
As vendas externas de milho do Brasil devem passar de 47 milhões de toneladas (2022/23) para 69,1 milhões, em 2032/33. O Brasil passaria, então, a abastecer 30,7% das exportações mundiais, situadas hoje em 25,7%, devendo se igualar aos Estados Unidos no mesmo ano, destacou a pasta em nota.
Fonte: Brasil 61